É uma antiga república soviética, fica entalada entre a Roménia e a Ucrânia e é também o país menos visitado da Europa. E o mais barato. De acordo com a Euronews, em 2023 a Moldova recebeu apenas 121 mil turistas, o que faz deste país, com 2,68 milhões de habitantes o segredo mais bem escondido do Velho Continente.

Não por muito tempo porque desde 18 de abril que há voos diretos entre Lisboa e Chisinau, capital da Moldova, graças à companhia aérea SkyUp, que acaba de inaugurar uma ligação regular à capital moldava. Uma boa notícia para quem anda à procura de destinos diferentes, com preços acessíveis, zero multidões e uma autenticidade que já não se encontra nas grandes capitais europeias.

Chisinau (lê-se “Kishináu”) é um dos segredos mais bem guardados do continente europeu. Uma cidade com cicatrizes soviéticas, muito verde, repleta de cafés vintage e ruas tranquilas onde o tempo parece andar a outro ritmo. Por aqui, não há aquela pressa turística de “ver tudo num dia”. Há sim, um convite para caminhar sem destino, descobrir estátuas de poetas esquecidos, mercados onde se vendem picles caseiros e mel de pequenas aldeias e, claro, provar vinhos de fazer inveja a muitas garrafeiras francesas.

Arco do Triunfo em Chisinau, Moldova
Arco do Triunfo em Chisinau, Moldova Arco do Triunfo em Chisinau, Moldova créditos: Unsplash

Entre os pontos obrigatórios para quem chega a Chisinau está o Parque Valea Morilor, um espaço verde com um lago central, escadarias monumentais e patos a passear como se fossem residentes. No centro da cidade, a Praça da Grande Assembleia Nacional é de foto obrigatória para o Instagram, ladeada pela catedral ortodoxa da Natividade e pelo Arco do Triunfo moldavo, que não será tão fotogénico como o de Paris, mas tem a sua graça espartana. Quem gosta de arquitetura, vai notar a presença brutalista em muitos prédios públicos e blocos de apartamentos — memórias intactas da era soviética que aqui não foram apagadas, apenas integradas no quotidiano.

Mas é fora das ruas que a Moldova surpreende: nas caves subterrâneas que guardam vinhos com história. As de Cricova, por exemplo, formam uma verdadeira cidade de túneis com mais de 120 quilómetros, onde não só se produz como se guarda o vinho que abastece metade do país.

Já Mileștii Mici detém o recorde do Guinness pela maior coleção de vinhos do mundo — e sim, os visitantes passeiam de carro pelas galerias enquanto escolhem o que vão provar.

A gastronomia moldava é uma celebração de sabores simples, feitos de ingredientes locais e temperados com tradição. Os sarmale (rolinhos de couve recheados com carne e arroz) são um clássico. Outro favorito é o mămăligă, uma espécie de polenta moldava, servida com queijo, natas e, muitas vezes, guisados. Para adoçar a boca, as plăcinte, pastéis recheados com queijo, batata ou maçã, são obrigatórios para quem saborear os pratos locais.

A cerca de uma hora de carro de Chisinau, Orheiul Vechi oferece uma combinação rara de arqueologia, natureza e espiritualidade. Um mosteiro escavado na rocha e aldeias que parecem intocadas pelo tempo fazem deste lugar um dos maiores cartões-postais do país — e uma viagem obrigatória para quem quer sentir que descobriu algo verdadeiramente novo.

Os verdadeiramente aventureiros podem rumar até à região separatista da Transnístria e visitar o Kitskanskiy Monastery, um dos mosteiros ortodoxos mais impressionantes da Moldova. Fundado no século XVIII, este complexo à beira do rio Dniester combina serenidade espiritual com uma arquitetura imponente, rodeada por muralhas robustas que guardam séculos de história e fé. A visita é também uma oportunidade rara para espreitar um território que vive num limbo político e cultural.

A Transnístria, sendo uma região separatista, tem uma moeda própria (rublo transnístrio) e, para lá entrar, é preciso levar o passaporte, preencher um formulário na fronteira (geralmente simples) e ter atenção às regras locais, que são um pouco mais rígidas, especialmente em zonas militares.

Apesar de ser um destino europeu, a Moldova não faz parte da União Europeia nem do Espaço Schengen, por isso os cidadãos portugueses precisam de apresentar o passaporte válido para entrar no país. Não é necessário visto para estadias até 90 dias, mas o passaporte é obrigatório — o cartão de cidadão não serve.

Os voos Lisboa - Chisinau duram cerca de 4h30 e a SkyUp tem voos às sextas-feiras. De acordo com simulação no site da companhia aérea para ida a 2 de maio e regresso a 9, o preço começa nos 277€ (com bagagem de cabine de 9 quilos). O alojamento na capital da Moldova é bastante acessível e pode ficar no City Park Hotel, alojamento de 4 estrelas, a partir de 89€ por noite.

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