
Adora resorts, hotéis enormes em que são precisos 10 minutos a pé, por entre corredores infindos, para chegar ao quarto? Delira com alojamentos à pinha, piscinas gigantes, que davam para fazer provas olímpicas e destinos cheios de turistas? Então é melhor parar por aqui. O Amada Moura não é mesmo para si.
Nascido na cidade raiana que lhe dá nome, este boutique hotel oferece o que alojamentos estandardizados nunca conseguirão proporcionar: autenticidade. São apenas nove quartos (dois dos quais suítes com características que, de tão únicas, precisam mesmo de ser vistas ao vivo e a cores) num antigo palacete no centro de Moura, agora convertido neste refúgio para quem quer conhecer o verdadeiro Alentejo.
A fonte do pátio foi convertida numa pequena piscina, que faz lembrar os antigos banhos romanos. Quando o calor aperta, é o sítio certo para um momento de relaxamento, descontração e contemplação. Do silêncio, das paredes caiadas de branco, da caminhada pachorrenta do tempo a passar.

E foi precisamente isso que fizemos assim que chegámos, numa tarde de maio excecionalmente quente, ao Amada Moura. Depois de uma limonada refrescante e de uma fatia de bolo acabadinho de fazer, e de uma visita a este antigo palacete do século XVIII, agora convertido num acolhedor boutique hotel, durante a qual ficámos completamente mesmerizados com os pormenores de decoração (desde as flores campestres, colhidas de frescos, às mantas, passando pelos artefactos religiosos, herança de quem cá antes viveu), rumámos à piscina. E nem sequer precisámos das amorosas camisas de linho que, no Amada Moura, substituem os roupões costumeiros de hotéis mais anódinos. Aqui, a autenticidade está em cada pormenor.

À tarde, a piscina refresca, de manhã revigora. E, antes do pequeno-almoço, tomado à varanda, foi novamente à água que voltámos, desfrutando do privilégio imenso que é dar umas braçadas às primeiras horas do dia, contemplando o silêncio azul que só Moura, com as suas cores vivas, consegue oferecer. Ser feliz pode ser mesmo simples.
Ficámos num quarto da tipologia Deluxe Superior — amplo o suficiente para receber uma família inteira, mas que, egoisticamente, guardámos só para nós. Os tetos abobadados, os armários antigos (de onde podiam sair vestidos de época, corpetes e sombrinhas), os tapetes coloridos e o magnífico duche, tudo assente no chão original deste palacete de inspiração mourisca, envolvem-nos numa atmosfera de luxo descontraído. As portas de madeira robusta e o charme dos detalhes conferem ao descanso uma sensação acolhedora, como se estivéssemos em casa — mesmo longe dela.

Uma das suítes que visitámos guarda um detalhe difícil de encontrar num boutique hotel: um altar original do palacete, com santos e tudo, preservado entre o quarto e a casa de banho. Mais inesperado — e encantador — é quase impossível. Já nos quartos do piso térreo, com acesso direto à piscina, destacam-se as paredes em típico tijolo burro, que acrescentam um charme rústico e acolhedor aos espaços.

A nossa estadia terminou da melhor forma: com um pequeno-almoço delicioso tomado à varanda. Para além do buffet generoso — onde não faltam o indispensável pão alentejano, compotas e bolos caseiros —, é possível pedir ovos e bacon feitos no momento e ir repetindo as chávenas de café até o corpo acordar devagarinho. A cozinha, que mantém a traça antiga, fica mesmo ao lado da sala de refeições e dá à manhã um toque familiar, como se fôssemos todos parte da mesma casa, a preguiçar juntos. Como se todos os dias fossem um tranquilo domingo de manhã.
Há sítios assim. Especiais.
Veja as fotos do Amada Moura
Aberto desde junho de 2024, o Amada Moura tem ainda um caminho a percorrer para aprimorar a experiência diferenciadora que oferece aos hóspedes, como nos explicou Carlos Matuto, diretor comercial do Grupo Convento do Espinheiro. Um restaurante está já a ser idealizado para ocupar a antiga cozinha do palacete, e será mais um passo nesta visão que cruza hospitalidade, bem-estar, cultura e gastronomia, sempre com forte ligação à região.
O hotel distingue-se pelo ambiente intimista, o serviço personalizado e os detalhes pensados ao milímetro — dos tetos altos às paredes caiadas, passando pelo mobiliário antigo restaurado. Com apenas nove quartos, divididos entre as tipologias Deluxe, Deluxe Superior e Suítes Deluxe (estas com 52 m² e vistas sobre a cidade), o espaço alia o charme histórico ao conforto contemporâneo.
Depois do Convento do Espinheiro e do Cenoura Brava, em Évora, o Amada Moura é a mais recente aposta da família Camacho em território alentejano. O amor dos investidores madeirenses pelo Alentejo promete, em breve, dar mais frutos e trazer à região do Alqueva mais espaços de luxo discreto, criados para o mais exigente dos viajantes.
O pequeno-almoço artesanal, as massagens no quarto, os passeios no Alqueva e as provas de vinho e azeite são apenas algumas das experiências que tornam cada estadia especial. O hotel colabora ativamente com produtores e operadores locais, promovendo um turismo sustentável e autêntico. Desfrutar da experiência do Amada Moura começa nos 150€ por noite (quarto Deluxe), sendo que o valor das suítes ronda os 280€.