A relação entre a Páscoa e a ilha remonta a 1722, quando o explorador neerlandês Jacob Roggeveen chegou à ilha no dia de Páscoa. A ilha, que já era habitada por povos polinésios há séculos, não tinha um nome ocidental na altura. Roggeveen, então, decidiu batizá-la com o nome da data em que a descobriu, em homenagem à celebração cristã da ressurreição de Cristo.

Embora a ilha tenha sido descoberta por um europeu na Páscoa, a cultura dos habitantes originais, conhecidos como Rapa Nui, não tinha nenhuma ligação com a festividade cristã. A ilha da Páscoa tem uma história muito mais antiga, com os primeiros habitantes a chegaram por volta do ano 800 d.C., vindo de outras partes da Polinésia. O nome original da ilha é "Rapa Nui", que se traduz como "grande Rapa", numa referência à maior ilha da região.

A ligação entre a ilha e a Páscoa cristã é apenas de nome. Contudo, ao longo dos séculos, a ilha foi convertida ao cristianismo, especialmente após a chegada dos missionários europeus no século XIX. Essa conversão trouxe consigo celebrações religiosas, incluindo a Páscoa, que passaram a fazer parte das tradições locais.

O significado cultural dos moais

Os moais, os maiores símbolos da Ilha da Páscoa, não têm nada a ver com a Páscoa cristã, mas representam a espiritualidade dos Rapa Nui. As estátuas, esculpidas em pedra vulcânica, são imagens de ancestrais e eram usadas para representar os chefes tribais e deuses que protegiam o povo. Estão dispostas ao longo da costa da ilha, voltadas para o interior, protegendo as aldeias.

Hoje em dia, a ilha é um destino turístico popular, especialmente durante o feriado da Páscoa, quando muitos aproveitam para explorar as ruínas antigas e aprender sobre a rica cultura da ilha. As celebrações cristãs da Páscoa são realizadas pela comunidade local, mas o verdadeiro foco do evento, para a maioria dos turistas, é a exploração das fascinantes ruínas arqueológicas e o mistério que envolve os moais e o declínio da civilização Rapa Nui.

Como chegar à Ilha da Páscoa e o que ver lá

Rapa Nui é um destino isolado, mas acessível para os turistas. Para chegar lá, a forma mais comum é através de voos a partir de Santiago, no Chile, com a LATAM Airlines, que opera voos diretos para a ilha. A viagem dura cerca de 5 horas, mas devido à sua localização remota no Pacífico, os preços dos voos podem ser elevados e as opções limitadas, o que torna a visita à ilha ainda mais exclusiva. De acordo com simulação no Google Flights, uma viagem de ida e volta de Santiago do Chile para Rapa Nui, com partida a 22 e regresso a 23 de abril, custa a partir de 597€. 

Para entrar na ilha, é obrigatório apresentar um documento de identificação válido, bilhete de regresso a Santiago (com data inferior a 30 dias desde a chegada), reserva de alojamento autorizada pelo Sernatur ou carta convite de um residente, além de preencher online o formulário FUI com pelo menos 48 horas de antecedência. Sem este último, nem sequer poderá embarcar no avião. 

Além dos documentos, quem visita Rapa Nui deve ainda comprar antecipadamente o bilhete de entrada no Parque Nacional — o verdadeiro passaporte para aceder aos locais arqueológicos da ilha. Para os viajantes internacionais, o preço é de cerca de 83€ (76 mil pesos chilenos), e as crianças pagam cerca de 41€ (38 mil pesos). Esta entrada inclui um guia de boas práticas e recomendações, já que as regras de preservação são levadas muito a sério — tocar nos moais, por exemplo, está fora de questão.

Rapa Nui recebe os visitantes com temperaturas amenas entre os 18ºC e os 24ºC ao longo de todo o ano e um estilo de vida que obriga a abrandar o ritmo. A moeda oficial é o peso chileno, mas dólares e euros são aceites em alguns hotéis e lojas. As atrações principais incluem os icónicos moais, que podem ser admirados em locais como o Parque Nacional Rapa Nui, onde se encontra a famosa Ahu Tongariki, a plataforma com 15 estátuas de moais.

Outra atração imperdível é o Vulcão Rano Raraku, a "fábrica" dos moais, onde milhares de estátuas inacabadas podem ser vistas espalhadas pelas encostas do vulcão. A praia Anakena, uma das poucas praias de areia branca da ilha, rodeada por mais moais, e o misterioso Ahu Akivi, um conjunto de sete estátuas voltadas para o mar, um dos poucos lugares onde os moais olham para o horizonte, também são ponto de passagem obrigatória.