
Leia a entrevista com o capitão Nuno Vasco Rodrigues
O que o levou a escolher o caminho da aviação?
A aviação sempre foi uma das minhas maiores paixões. Desde pequeno gostava muito de carros, barcos e aviões, mas à medida que fui crescendo, a aviação tornou-se o meu maior interesse. Tinha um amigo de infância, o Tiago Esteves, com quem sempre cultivámos essa paixão. Felizmente, consegui seguir carreira na aviação e espero continuar por muitos anos.
Como é que acabou por chegar à Emirates?
Começar na aviação não é fácil, principalmente numa companhia como a Emirates. Quando terminei a academia de voo, em 2009, o mercado estava complicado, e muitos da minha geração tiveram de começar no estrangeiro. Eu tive a oportunidade de começar numa companhia asiática, depois voei na Turquia, o que foi bom para ganhar experiência mais perto de casa. O objetivo sempre foi a Emirates, e felizmente consegui realizar esse sonho.
Quais são os principais atrativos e desafios de trabalhar numa companhia como a Emirates?
A Emirates tem um padrão de excelência muito alto. O profissionalismo está no topo, e é preciso muita dedicação e responsabilidade. Os benefícios, no entanto, são imensos e compensam esse esforço. O pacote oferecido é difícil de encontrar noutros sítios, tanto para mim como para a minha família. Temos acesso a uma operação global com rotas muito variadas, o que torna a carreira muito dinâmica e enriquecedora.
Isso significa que não está sempre a voar as mesmas rotas?
Exato. A rotatividade é grande, e isso é muito positivo porque nos mantém sempre a aprender e a ter novas experiências, o que é fundamental numa carreira tão longa como a de piloto. Além disso, a empresa e a cidade do Dubai oferecem uma estabilidade e qualidade de vida muito boas para a família.
Falando dos benefícios, o que a companhia oferece?
O pacote é vasto. A empresa oferece casas próprias para os tripulantes, mas quem preferir pode optar por uma verba de acomodação para viver fora dessas casas, como é o meu caso. Temos também bilhetes de avião não só para nós, mas para a família e amigos próximos, o que facilita muito a ligação a Portugal e outros destinos. Além disso, existe um serviço de transporte que nos leva ao aeroporto e nos traz de volta a casa, o que torna a logística mais confortável.
"Voar para aeroportos com condições mais difíceis, como Cidade do México e Bogotá, é um desafio."
Qual foi o seu primeiro voo para a Emirates?
Foi um voo daqui do Dubai para Nova Deli, na Índia. Os primeiros voos são geralmente mais curtos para ganhar experiência, mas com o tempo passamos a fazer rotas longas, que podem durar até 16 horas e meia.
Tem alguma rota ou avião favorito?
Eu estou na frota Boeing, e o meu avião favorito é o Boeing 777, conhecido como "Triple Seven". É o maior avião bimotor do mundo. A Emirates também opera o A350 e o A380, que é um quadrimotor, mas o meu favorito é mesmo o 777. Quanto a destinos, gosto muito do Japão, especialmente Tóquio, do Rio de Janeiro, da Cidade do Cabo e, claro, de Lisboa, que tem um valor sentimental para mim.
Quais foram os voos mais desafiantes na sua experiência?
Voar para aeroportos com condições mais difíceis, como Cidade do México e Bogotá, é um desafio. Esses aeroportos estão localizados em zonas montanhosas com meteorologia variável, o que exige muita atenção e gestão de riscos. A performance dos aviões também é afetada, limitando a carga que podemos transportar, o que acrescenta complexidade à operação.
Como é a sua rotina de trabalho? Quanto tempo fica nos destinos?
Na frota Boeing 777, para voos de passageiros, ficamos normalmente 24 a 48 horas no destino antes de regressar ao Dubai para descansar. Para aviões de carga, as estadias podem ser mais longas, às vezes até 3 ou 4 dias. Mas a base é sempre o Dubai, de onde partimos e para onde regressamos.
Como tem evoluído a comunidade portuguesa na Emirates e no Dubai nestes 10 anos?
Tem crescido bastante, o que é ótimo. Jogo futebol há 10 anos num grupo aqui no Dubai e vejo que a comunidade portuguesa está cada vez maior. Quando cheguei, já havia muitos portugueses, mas agora chegam muitos novos. Não convivemos apenas entre portugueses; também temos amigos de várias nacionalidades, como holandeses e russos, que são alguns dos meus melhores amigos. Isso cria um ambiente multicultural muito agradável e dinâmico para viver aqui.
Pensa no regresso a Portugal?
Há um misto de sentimentos. Gostamos muito de Portugal, da família e dos amigos, mas a vida aqui é confortável. Algumas pessoas veem o regresso como algo a médio ou longo prazo, e outros planeiam ficar por mais tempo. Pessoalmente, acredito que a maior parte de nós acabará por voltar um dia.
Como 'venderia' a Emirates a alguém que está a pensar entrar para tripulação ou para piloto?
Sem dúvida, é uma empresa fantástica. A Emirates respeita muito os seus colaboradores, oferece benefícios que proporcionam conforto a quem está longe de casa e mantém um padrão de excelência muito alto. Aqui, a progressão na carreira é baseada no mérito, o que é muito importante. Trabalhar nesta empresa e viver no Dubai é uma experiência muito positiva, com boas condições de trabalho e de vida.