
Viajar barato é o sonho de qualquer pessoa que gosta de aproveitar cada cêntimo, principalmente quando se trata de voos, muitas vezes o mais caro do orçamento de uma viagem. E foi a pensar nisso que nasceu um truque cada vez mais falado no mundo das viagens, o skiplagging. Seja no Youtube, seja no TikTok ou Instagram, abundam os vídeos e posts de influencers e especialistas a falar sobre esta técnica.
Mas o que, aparentemente, é uma técnica genial, pode ganhar-lhe um lugar no inferno das companhias aéreas. Passamos a explicar.
O que é o skiplagging e como funciona?
O skiplagging, também chamado de “hidden city ticketing” (bilhete de cidade escondida), é simples de entender. Em vez de comprar um voo direto para o destino desejado, o passageiro compra um bilhete para uma cidade diferente, com escala naquele destino, e simplesmente não embarca na segunda parte da viagem.
Por exemplo: quer viajar de Lisboa para Nova Iorque, mas há um voo com destino final em Chicago, com escala em Nova Iorque, e é mais barato do que um voo direto para a Big Apple. O truque é comprar o bilhete até Chicago e sair discretamente em Nova Iorque, abandonando o segundo trecho do voo.
Como é que esta prática se tornou popular?
O skiplagging ganhou força quando, em 2013, surgiu o site Skiplagged.com, que permite aos utilizadores pesquisarem este tipo de bilhetes “escondidos”. O sucesso foi tão grande que a United Airlines e a Orbitz processaram o criador da plataforma, acusando-o de promover uma violação dos termos de transporte. O caso acabou por chamar ainda mais atenção para o truque — e hoje muitos viajantes já o encaram como uma espécie de “segredo aberto”.
Quais são os riscos?
Apesar de parecer um truque espectacular, a prática do skiplagging pode trazer sérias consequências para quem viaja usando a estratégia.
- bagagem despachada: se tiver malas de porão, elas seguem sempre até ao destino final do bilhete, o que torna a estratégia inviável para quem não viaja só com bagagem de mão;
- perda de benefícios: companhias aéreas como a Lufthansa, American Airlines e Delta já afirmaram que monitorizam este tipo de comportamento e podem cancelar milhas acumuladas, programas de fidelização e até banir o passageiro de futuras viagens;
- multas e processos judiciais: em alguns casos, as transportadoras podem exigir o pagamento da diferença de tarifa ou até recorrer a tribunais para exigir compensações;
- cancelamento de bilhetes de regresso: se o bilhete comprado for de ida e volta, e o passageiro não embarcar no segundo trecho da ida, o voo de regresso pode ser automaticamente cancelado.
Vale a pena usar o skiplagging?
Para quem viaja esporadicamente e sem malas, o skiplagging pode, de facto, representar uma poupança interessante. Mas se o objetivo é criar um histórico de cliente regular numa companhia aérea ou evitar dores de cabeça, talvez o risco não compense.
Além disso, esta prática coloca o passageiro numa espécie de “zona cinzenta” em termos legais: não é crime, mas é uma violação dos termos de contrato das companhias aéreas, o que já é suficiente para criar problemas futuros.
Em suma, na teoria o skiplagging pode parecer o bilhete dourado para poupar em viagens. Mas os riscos inerentes nem sempre compensam a aventura.