Um ano depois de ter entrado no setor hoteleiro, com o anúncio das Chaves Michelin, distinção equivalente às estrelas na restauração, o prestigiado guia francês já distinguiu 1500 hotéis em 15 países, Portugal incluído. Depois das distinções regionais, a 8 de outubro, o Guia Michelin realiza, pela primeira vez em 125 anos, uma gala anual dedicada à hotelaria.
Existem quatro prémios em disputa para destacar diferentes dimensões da hotelaria contemporânea.
- Arquitetura e Design: distingue os hotéis onde a estética e os interiores se transformam em experiências inesquecíveis;
- Bem-Estar: valoriza as unidades que colocam a saúde física e mental no centro da estadia;
- Ligação Local: celebra os hotéis que abrem portas a vivências autênticas e profundamente enraizadas no destino;
- Michelin Abertura do Ano: reconhece as novas inaugurações que se afirmaram de imediato no panorama internacional.
Já são conhecidos os cinco nomeados da primeira categoria - Arquitetura e Design e os candidatos às restantes distinções serão conhecidos nas próximas semanas. O Médio Oriente está em destaque, com dois nomeados, e a única presença europeia é um hotel situado numa ilha no Mar Adriático. Conheça os cinco nomeados ao prémio Michelin Arquitetura e Design e saiba quanto custa lá dormir.
Atlantis The Royal (Dubai)
Já aqui lhe tínhamos contado que é neste opulento hotel do emirado que fica o quarto mais caro do mundo. Inaugurado em 2023, o Atlantis The Royal Dubai é um dos ícones máximos da hotelaria de luxo. Com seis torres que se elevam até aos 43 andares, o hotel reúne 795 quartos, 90 piscinas — 44 delas infinitas e privadas —, 17 restaurantes de chefs como Gordon Ramsay e uma praia privada de dois quilómetros. Para a abertura, foram precisos três dias de celebrações com concertos exclusivos, incluindo uma atuação de Beyoncé.
A arquitetura grandiosa e o design espetacular fazem do Atlantis The Royal um espetáculo em si mesmo, com esculturas monumentais, vistas de cortar a respiração sobre o Golfo Pérsico e interiores assinados por marcas de luxo. Há ainda um spa de 3 mil metros quadrados, aquário de águas-vivas e tratamentos que vão do mais exclusivo ao extravagante, como faciais com ouro de 24 quilates.
A estrela do hotel é a Royal Mansion, uma penthouse de 1128 metros quadrados com piscina infinita, biblioteca, sala de entretenimento e produtos exclusivos Hermès. É considerado o quarto de hotel mais caro do mundo: custa 100 mil dólares por noite (cerca de 92 mil euros). Mas pode sempre optar por um Quarto King Palmscape, com preços a partir de 576€ por noite.
Shebara Resort (Arábia Saudita)
O Shebara Resort parece saído de um filme de ficção científica, mas é bem real. Situado na ilha de Sheybarah, no Mar Vermelho, foi inaugurado em novembro de 2024 e rapidamente se tornou um ícone da hotelaria futurista. As suas cúpulas metálicas sobre a água cristalina lembram imagens geradas por inteligência artificial, mas são o resultado de um projeto visionário que começou em 2017.
Classificado como eco resort, toda a energia consumida é produzida através de um gigantesco parque solar, reforçando a aposta da Arábia Saudita no turismo sustentável. As villas, algumas sobre o recife de coral, conjugam luxo e tecnologia num cenário surreal. Entre os serviços, destacam-se as piscinas, o spa com tratamentos que incluem caviar verde e extrato de meteorito, ginásio, espaços para yoga e até campos de ténis e padel.
A experiência completa-se nos cinco restaurantes, que vão da gastronomia Nikkei ao fine dining mediterrânico com assinatura Michelin. Mas a exclusividade tem preço: uma noite numa villa de praia custa 1906€, as villas sobre a água sobem para 2365€, e a mais luxuosa, a Beach Crown Villa com três quartos e piscina privada, chega aos 22.882€ por noite.
Rosewood São Paulo (Brasil)
Mais do que um hotel, o Rosewood São Paulo é um projeto cultural e arquitetónico que transformou a histórica Cidade Matarazzo num oásis urbano no coração da metrópole. A torre de jardim vertical, com 93 metros de altura e revestida por mais de 10 mil árvores nativas da Mata Atlântica, foi concebida por Jean Nouvel, enquanto os interiores são da autoria de Philippe Starck. O resultado é uma fusão entre tradição brasileira, design visionário e compromisso ambiental.
São 160 quartos e suítes, complementados por mais de 100 residências, seis restaurantes e dois espaços de piscina — incluindo um rooftop com vistas para a cidade e uma piscina ao nível do solo rodeada de mosaicos e vegetação tropical. O jazz bar Rabo di Galo, com um teto pintado à mão que evoca um céu estrelado, é já um ponto de encontro da vida noturna paulistana. Também a Capela de Santa Luzia, de 1922, foi restaurada, agora com vitrais assinados pelo artista Vik Muniz.
A filosofia Sense of Place da marca Rosewood está em todos os pormenores, desde as peças de arte espalhadas pelo hotel às comodidades de luxo, como produtos de bem-estar vegan e roupa de cama italiana. A poucos passos da Avenida Paulista, o Rosewood São Paulo é uma imersão na energia cultural da cidade. Os preços começam nos 579€ por noite no Classic King, podendo chegar aos 4118€ por noite na Two Bedroom Premier Suite.
Benesse House (Japão)
O Benesse House, na ilha de Naoshima, no Mar Interior do Japão, é um destino de sonho para quem ama arte e arquitetura. Concebido em 1992 pelo arquiteto Tadao Ando, vencedor do Prémio Pritzker, este projeto revolucionário funde museu e hotel num só espaço, permitindo que os hóspedes durmam rodeados por obras de artistas como Yayoi Kusama, Andy Warhol, James Turrell ou David Hockney. Mais do que um alojamento, é uma experiência imersiva onde a natureza, a arte e o design minimalista japonês se encontram.
O hotel distribui-se por quatro edifícios distintos. O Museum, parcialmente integrado na paisagem costeira, acolhe obras originais em quartos e áreas comuns. O Oval, acessível apenas por um pequeno monorail privado, apresenta uma piscina refletora ao ar livre com vistas abertas para o céu. O Park, um dos raros projetos de Ando que incorpora madeira, esbate fronteiras entre interior e exterior. Já o Beach oferece a sensação de estar suspenso sobre o mar, com linhas visuais que se fundem com o horizonte.
Cada um dos 65 quartos é amplo e pensado para valorizar a envolvente natural, com janelas panorâmicas para o mar, jardins ou montanhas de Shikoku. A experiência é completada por restaurantes envidraçados, um spa com banhos de ervas diante do oceano e esculturas espalhadas pela ilha e pela floresta. Passar a noite no Benesse House é mesmo dormir num museu — uma raridade no mundo hoteleiro. Os preços começam nos 666,94€ por noite.
Villa Nai 3.3 (Croácia)
Na ilha dálmata de Dugi Otok, a meio caminho entre Veneza e Dubrovnik, o Villa Nai 3.3 redefine o conceito de luxo sustentável. Projetado pelo arquiteto croata Nikola Bašić, o hotel foi esculpido na encosta de uma colina, utilizando a pedra retirada da própria escavação para erguer paredes e estruturas. Integrado num olival centenário de 40 mil metros quadrados, do qual se produz azeite premiado, o resort parece nascer da própria paisagem rochosa, confundindo-se com a natureza da ilha.
Com apenas oito quartos — cinco deluxe e três suites —, este refúgio exclusivo para adultos alia sofisticação e minimalismo a um profundo respeito pelo ambiente. Cada quarto dispõe de terraços privados, banheiras independentes e mobiliário de design em tons suaves, pensado para prolongar a sensação de tranquilidade. Das janelas abrem-se vistas para o mar Adriático ou para os olivais, num silêncio apenas interrompido pelo vento e pelas ondas.
A gastronomia é outro ponto alto da experiência. No restaurante Grota 11 000, os sabores do Mediterrâneo são recriados com peixe fresco, carnes e legumes locais, sempre acompanhados pelo azeite da propriedade. No spa, tratamentos exclusivos recorrem a pasta de azeitona e azeite, combinados com massagens tailandesas ou balinesas. Há piscinas de água salgada, ginásio ao ar livre e trilhos para explorar a ilha. Os preços vão de 903€ na Olive Grove Room até 2.149€ na Signature Adriatic Panoramic Suite.