Se é daquelas pessoas que não sai de casa sem ter pelo menos três looks por cada dia de férias, começa a stressar por não conseguir enfiar na mala dois perfumes, três bases e t-shirts extra para cada dia, então estas dicas não são para si. Se, por outro lado, quer aprender a viajar com pouca bagagem, não só para não pagar quilos extra no aeroporto mas também para conseguir andar a passear sem o "malote de rodinhas" atrás, a fazer barulho na calçada, eu tenho alguns truques.
Em 2024, pleno inverno, passei uma semana no sul de Espanha e levei apenas uma mochila. Voltei com roupa interior ainda por usar (e sim, troquei de cuecas todos os dias). Pode parecer anedótico mas serve para mostrar que é possível desfrutar das férias sem andar com o closet atrás.
Estes são alguns dos meus truques infalíveis para viajar leve, levemente, como o próximo destino que chama por mim.
1. Editar, editar, editar
Vamos começar pelo fim. Quando acabo de selecionar a roupa, acessórios, calçado, produtos de higiene e cosmética e cangalhada electrónica avulsa, olho para tudo e pergunto várias vezes: "vais mesmo precisar disto?". À exceção de meias e cuecas, se estivermos a falar de uma viagem de menos de sete dias, tudo o resto é editável. É um misto de praticar a arte do desapego e pensar no dinheiro que vai poupar por só levar uma mochila que cabe debaixo do assento do avião.
2. Saber escolher a mochila certa
Mochilas há muitas mas, para mim, tem que ter 4 características:
- vários compartimentos
- impermeável
- lavável
- alças confortáveis
Não é preciso gastar centenas de euros num modelo daquela marca que começa em sam e acaba em -ite. Encontra opções bastante económicas online, como esta, à venda na Amazon, que custa pouco mais de 40€ e tem as dimensões exigidas pelas companhias aéreas (45x36x20). Tenho-a há quase dois anos e está como nova, apesar de já ter andado a dar umas voltas pelo mundo. Serve perfeitamente para o dia a dia, porque tem espaço suficiente para computador e acessórios, equipamento, ténis e necessaire para o ginásio e ainda lá consigo enfiar, com jeitinho, a marmita do almoço.
3 - Organizadores para a roupa
Não sei há quantos anos tenho um conjunto de organizadores semelhante a este do IKEA. Só sei que ter estes sacos com fecho permite fazer o milagre da multiplicação da roupa dentro da mala. O segredo está em saber dobrar bem a roupa antes de partir e dobrar melhor antes do regresso. Esse é, de resto, um dos truques infalíveis para não começar a suar do bigode na hora de voltar a arrumar tudo: dobrar tudo com muito cuidado.
Tenho outro truque, mas já revela uma ligeira obsessão por organização: antes de regressar, vou a uma lavandaria self-service, lavo e seco a roupa suja, e arrumo tudo direitinho na mochila. A não ser que esteja num destino remoto ou numa aldeia perdida na beira, todas as cidades têm pelo menos um destes estabelecimentos. E, nem de propósito, vamos ao próximo ponto.
4 - Se sujar, lava-se
Está em Roma e a sua t-shirt branca favorita ficou com grande mancha de molho de tomate porque quis tirar uma selfie ao estilo "Comer, Orar, Amar?". Vestiu-se para um dia de sol e calor mas o tempo fez das suas e apanhou uma molha, ficando com a roupa toda encharcada. A solução não é desesperar mas sim gastar uns trocos numa lavandaria self-service. Estamos a falar, claro, de destinos urbanos, onde estes estabelecimentos existem um pouco por toda a parte. É só abrir o Google Maps e procurar. Esta dica já me safou em viagens durante meteorologias instáveis e também durante estadias low cost, em que fiquei em hostels e optei por levar a minha própria toalha para não pagar extras.
5 - Dois ou três sacos de plástico
Podem não ser os mais ecológicos, mas levar na mochila dois ou três sacos de plástico é um truque safa várias situações. Quer fazer umas comprinhas no supermercado? Saco de plástico. Não tem onde armazenar a roupa suja e não a quer deixar espalhada no cacifo ou no chão do quarto? Saco de plástico. Enjoa durante viagens de autocarro ou comboio? Saco de plástico. Foi dar um mergulho de improviso e não tem onde pôr o fato de banho todo encharcado? Saco de plástico.
6 - Chinelos e fato de banho. Sempre
Quer fique alojado num hotel de cinco estrelas, quer vá pernoitar num hostel, uns chinelos de praia safam várias situações. Para uma ida rápida à piscina ou à praia, para tomar banho em WC comuns ou balneários ou para arejar os pés ao fim de um dia de caminhada. O fato de banho anda sempre na mochila porque nunca se sabe, mesmo de inverno, quando é que o sol vai aparecer e vamos passar por uma cascata, um rio, uma praia ou uma piscina. Quem o avisa, seu amigo é, para depois não ficar na beira de água, de burro amarrado, enquanto os outros fazem splash, splash.
7 - Amostras são vida
Vamos aqui conversar a sério. A não ser que tenha alguma condição dermatológica ou capilar muito específica, precisa mesmo de levar esse hidratante XPTO ou esse boião de máscara? Na volta, não. Seja nas farmácias ou perfumarias, seja em lojas que vendem produtos de cosmética, higiene pessoal e medicamentos não sujeitos a receita médica, há sempre amostras disponíveis, cuja oferta varia consoante os critérios de cada loja (uma compra, oferta disponível, promoções). Champôs, condicionadores, hidratantes para a cara e para o corpo e até maquilhagem, tudo produtos que podem facilmente ser usados em forma de amostra.
8 - Frascos de viagem reutilizáveis
Se as amostras lhe causam ansiedade, por achar que lhe vai faltar champô ou creme hidratante, toca a comprar frascos reutilizáveis. Além de serem essenciais para passar no controlo de segurança dos aeroportos porque têm capacidade máxima de 100 ml, são ótimos para levar tudo aquilo a que tem direito. Eu prefiro frasquinhos de silicone, não só porque duram mais, são mais fáceis de lavar e mais higiénicos. Costumo sempre ter um ou dois frasquinhos com borrifador: um para perfume e outro para misturar creme de pentear com água (é uma solução de recurso para finalizar penteados ao natural, substituir protetor de calor e também para aquele look de saída de praia quando não há tempo para tomar banho).
Uma dica extra: não compre aquelas mini-embalagens de dentífrico nem produtos travel size. São uma roubalheira. Leve a pasta dos dentes num frasquinho redondo com tampa. Não é o ideal e, por questões de higiene e conservação do produto, deve evitar reutilizações depois de um período de tempo longo sem uso, mas safa em viagens de poucos dias.
9 - Frio? A solução é roupa térmica
Mais uma vez, se privilegia looks diferentes todos os dias, esta dica não é para si. Caso viaje para um destino onde o frio vai apertar, esqueça as camisolas grossas, que enchem uma mala inteira, e aposte nas peças polares e térmicas. Uma camisola interior térmica e uns leggings com as mesmas características são práticos, ocupam pouco espaço e oferecem a proteção certa contra as temperaturas baixas.
10 - Um par de sapatos extra chega e sobra
No inverno, nos pés, botas; na mochila, além dos chinelos, umas sapatilhas confortáveis. No verão, nos pés vão sapatilhas confortáveis e, na mochila, umas sandálias casuais, rasas mas versáteis o suficiente para combinar com um look mais composto. Umas sandálias estilo Birkenstock são perfeitas para o efeito. Tanto dão para ir à praia como a uma esplanada ao final da tarde. Eu tenho este modelo da H&M e hei-de usá-las até se desfazerem todas.
11 - Capa / poncho impermeável em vez de chapéu de chuva
Claro que tem sempre a opção de, em caso de intempérie, comprar um chapéu de chuva no destino. Isto se encontrar uma loja aberta às três da manhã, quando estiver a caminho do metro ou do comboio, ou à procura do hotel. A solução mais eficaz e prática é investir numa boa capa ou poncho para a chuva, que seja facilmente dobrável para não ocupar demasiado espaço na mochila. Dá para se tapar, para tapar os seus pertences e é mais prático para guardar quando a chuva parar. Conjugada com o indispensável saco de plástico, é a solução perfeita para os dias cinzentos em viagem.
12 - Sal e pimenta
Hein? Oi? Sim. Se optar por ficar alojado num hostel ou num Airbnb, é bastante provável que vá fazer refeições em casa. A esmagadora maioria destes alojamentos dispõe de condimentos básicos mas, aqui entre nós que ninguém nos ouve, prefiro comer comida insonsa do que usar daquele sal fino refinado que não sabe a nada ou pimenta já moída que sabe a serradura. É uma opção pessoal meia looney, mas prefiro viajar com o meu sal grosso e com o meu moinho de pimenta preta.
13 - Farmácia básica
Além da medicação habitual, há três itens que andam sempre comigo: paracetamol (para uma dor de cabeça ou febre que possa aparecer), imodium rapid para alguma diarreia manhosa e soro fisiológico em unidoses. O soro fisiológico é particularmente útil para quem reage mal ao ar condicionado, como eu, para limpar o nariz e os olhos caso se tenha andado num sítio com poeiras ou pura e simplesmente para hidratar os olhos quando se sente alguma secura (acontece-me muito depois de um voo mais longo). Levo apenas uma lamela de cada medicamento ou uma caixa de comprimidos com divisórias (há à venda em qualquer loja, mas deixo, como exemplo, esta caixinha, à venda na Amazon).
