
Com a campanha eleitoral das legislativas de 2025 a entrar na reta final, esta segunda-feira, 12 de maio, Espinho recebe a visita de Luís Montenegro, líder da Aliança Democrática (AD) e natural da cidade. O Partido Socialista (PS) também marcará presença na popular feira da cidade, que acontece precisamente às segundas-feiras. Enquanto os discursos políticos ecoam pelas ruas, há um detalhe urbano que distingue Espinho de muitas outras cidades portuguesas: as suas ruas são numeradas. Tal como as ruas de Nova Iorque.
Espinho é uma das poucas cidades em Portugal onde as ruas são identificadas por números em vez de nomes. Este sistema remonta ao final do século XIX, quando a cidade começou a desenvolver-se como estância balnear. A malha urbana foi desenhada numa grelha ortogonal, com ruas paralelas e perpendiculares, facilitando a organização e a orientação na cidade. A escolha por números, em vez de nomes, também refletia os ideais republicanos da época, promovendo a igualdade e evitando homenagens a figuras monárquicas.
Do outro lado do Atlântico, Nova Iorque adotou um sistema semelhante no início do século XIX. Em 1811, foi implementado o "Commissioners' Plan", que estabeleceu uma grelha ortogonal em Manhattan, com ruas numeradas de leste a oeste e avenidas de norte a sul. Este plano visava organizar o rápido crescimento da cidade, facilitando a navegação e a distribuição de terrenos.
Espinho não tem Broadway, arranha-céus ou pretzels nas esquinas — mas tem um plano urbanístico que, à sua escala, segue os mesmos princípios de clareza e orientação. Aqui também se anda "para cima" ou "para baixo" consoante a Rua 18 fica antes ou depois da Rua 19. Para quem visita, é quase impossível perder-se. Para quem vive, é uma tranquilidade saber que o restaurante favorito está na Rua 23 e não naquela travessa cujo nome não lembra nem ao menino Jesus.
Embora Espinho e Nova Iorque sejam cidades de dimensões e contextos distintos, ambas adotaram sistemas de numeração nas suas ruas como forma de promover a organização urbana e facilitar a orientação dos seus habitantes e visitantes. Este detalhe urbano, muitas vezes despercebido, revela uma abordagem prática e racional ao planeamento das cidades.