
Apesar de estar colada a Rodes e a poucos quilómetros da costa turca, Simi continua a escapar aos radares da maioria dos viajantes. É pequena, recortada e sem aeroporto, o que já ajuda a manter os turistas de massa à distância. Mas a verdade é que quem a descobre, não a esquece.
Ao chegar de ferry (idealmente de Rodes, a ilha mais próxima com aeroporto) há um momento que fica gravado na memória: as fachadas neoclássicas de tons pastel que se alinham em Gialos, o porto da ilha, criam uma espécie de anfiteatro virado para o mar. Lá em cima, no casario da vila antiga de Ano Symi, as janelas permanecem entreabertas, as escadas de pedra contam séculos de história e o tempo passa devagar. Simi não tenta impressionar. Limita-se a ser autêntica — e talvez seja esse o seu maior trunfo.
Ao contrário de Santorini, Mykonos ou até da vizinha Rodes, Simi nunca entrou nas listas de destinos da moda. Talvez por não ter aeroporto, talvez por não ter praias de areia branca nem clubes noturnos a rebentar pelas costuras. Mas também por isso, é perfeita para quem procura uma Grécia sem filtros — com aldeias que ainda acordam ao som dos sinos da igreja, peixe grelhado servido em mesas com vista para o cais e caminhos de terra que levam a enseadas desertas.

Nos meses de verão, recebe alguns visitantes que fazem o percurso de barco a partir de Rodes, mas a maioria vem por poucas horas. O segredo está em ficar. Dormir na ilha é descobrir as suas várias camadas, do lado espiritual ao lado salgado, da arquitectura à mesa posta.
O que ver (e onde perder a noção do tempo)
Gialos é o ponto de partida — literalmente. Aqui, o que parece uma vila de bonecas é na verdade um dos portos mais bonitos do Egeu. Caminhar sem pressa, subir a escadaria de pedra Kali Strata até Ano Symi (são mais de 500 degraus, mas a vista compensa) e descobrir as casas antigas, muitas delas transformadas em pequenos hotéis de charme.
Fora do centro, o Mosteiro de Panormitis merece destaque. Fica no sul da ilha, junto ao mar, e é dedicado ao Arcanjo Miguel — o protector dos marinheiros. É um local de peregrinação com uma beleza serena, ladeado por ciprestes e com um pequeno museu que vale a visita. Se tiver tempo (e pernas), explore os antigos moinhos, as vinhas abandonadas e os trilhos que serpenteiam pelas colinas — a recompensa são miradouros onde só se ouve o vento e as cabras.
o que fazer (além de não fazer nada)
Simi é feita para ser saboreada com tempo. Os táxis aquáticos são uma boa forma de chegar às praias inacessíveis por terra — como Agios Georgios Dysalonas, com as suas falésias dramáticas, ou Nanou, rodeada de pinheiros. As águas são tão límpidas que até apetece mergulhar com os olhos abertos.
Se preferir terra firme, há trilhos para todos os gostos e fôlegos — o caminho de Gialos até Panormitis é um clássico. Durante o verão, o Symi Festival anima a ilha com concertos, peças de teatro e cinema ao ar livre, tudo gratuito e em cenários históricos.
Onde ficar (com vista para o azul)
A ilha tem vários alojamentos com pinta e alma. O The Old Markets é um dos mais bonitos, instalado num antigo mercado do século XIX com uma vista soberba sobre o porto.
Já o Opera House Hotel aposta na simplicidade, mas com conforto e uma localização estratégica perto de tudo. Para uma estadia mais romântica, vale a pena espreitar o Hotel Emporio, numa baía calma a curta distância de Gialos.
O que comer (e onde se lambuzar)
É proibido visitar Simi e não comer camarão (a não ser que seja alérgico, claro). O simiako garidaki é pequenino, frito inteiro e servido em travessas com pão estaladiço e copos de ouzo a acompanhar. Pode prová-lo na taverna Tholos, mesmo em cima da água, ou no Manos Fish Taverna, um clássico da ilha.
Para peixe fresco, a Marathounta Taverna, mais afastada, é uma aposta segura. A gastronomia é simples e cheia de sabor: saladas com queijo fresco, polvo grelhado, ensopados de grão e sobremesas com mel local. Tudo servido sem pressas — porque aqui, como em tudo o resto, o segredo está em abrandar.
Como chegar a Simi
Para chegar a Symi a partir de Lisboa ou do Porto, o mais prático é voar até Rodes, com escala em Atenas — companhias como a Aegean Airlines e a Sky Express fazem esta ligação. Depois, basta apanhar um ferry a partir do porto de Rodes (Mandraki ou Kolona), com várias ligações diárias durante o verão, operadas por empresas como a Dodekanisos Seaways (a reserva prévia é importante, sobretudo em época alta). A viagem de barco dura entre 1h e 1h45, consoante o tipo de embarcação